domingo, 1 de fevereiro de 2009

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Outro dia falamos com a babá ai do Brasil pelo Skype e depois que desligamos o Gabriel teve uma crise de choro.
Chorou porque tinha saudades, porque queria dar um beijinho na baba, porque sentia falta da massa com molho de galinha e por tantas outras coisinhas que nem ele sabe muito ao certo quantas são.

Hoje o Thiago no almoço queria o Gato dele,..o que ficou no Brasil, queria o cachorro, ai que difícil!

Tem horas em que por mais que tentemos dá aquele aperto. Nestas horas descobri que o melhor remédio e nos aconchegarmos um no outro, ficar abraçadinho juntinho, sem dizer muita coisa, ouvindo o choro ou chorando junto.
Não importa. O que importa é estar ali, juntinho e dar aquele apoio incondicional. Algumas vezes até dormimos assim, mas saímos revigorados e fortalecidos

O Gabriel tem se esforçado, mas não está sendo fácil aprender tanta coisa nova em línguas que ele desconhece.

Eu estou ansiosa e temo pelo desempenho dele, mas ele é feliz.
Tem amigos, sorri bastante e brinca bastante na escola; o ensino é bem mais forte que no Brasil.

Ele está aprendendo sobre o sistema solar em geografia e em matemática multiplicação, divisão e alguma coisa de frações.
No inglês tem muito trabalho de interpretação de textos (o que é bem difícil já que ele não fala inglês) e no chinês aprende a escrever e ler os ideogramas, ele adora, diz que é mais fácil que o inglês - Cada louco com sua mania.

O ensino é globalizado... Eles pegam um tema, por exemplo, o sistema solar e desenvolvem todas as outras disciplinas dentro deste parâmetro.
Fazem cálculos de distâncias, comparam tamanhos, dividem e multiplicam planetas, seres, órbitas..

Imaginem que outro dia ele teve que escrever seu próprio conceito de órbita, planetas, astronauta, espaço.
Isto é outra coisa que me chama atenção, ele tem aula sobre um tema e depois desenvolve e responde o que entendeu, sua interpretação. Individualmente a professora avalia as respostas e coloca as devidas observações, as turmas são pequenas e isto ajuda muito no ensino.

Acho legal por que ao contrário do ensino que eu tive onde aprendíamos as coisas e nem imaginávamos onde usar, ele aprende sabendo o quanto aquilo é importante e onde utilizar o que aprendeu. Isto facilita. Desperta o interesse, a curiosidade e eles desenvolvem rapidamente as habilidades

Na segunda eles recebem o tema para ser feito durante a semana e na sexta este deve ser entregue. Fazem desenhos em 3D e 2D (perspectivas), lêem pelo menos 03 livros na semana.
Gastamos bastante tempo com isto, primeiro lemos, depois mímicas para o vocabulário, depois ele lê e revisamos o vocabulário discutido.. assim lá se foram duas ou três horas.

O Thiago é muito amoroso, mas não é muito simpático com o assédio constante dos chineses.
Na próxima semana ele começa na escolinha. Já fomos visitá-la e ele adorou os brinquedos. A sala de aula no entanto não foi tão atrativa.
Posso fazer a adaptação como eu achar melhor. Já decidi iniciar com duas horas e ir aumentando gradativamente até que ele se sinta bem.

Uma amiga se ofereceu para ficar comigo na escola durante este período de adaptação, me ajudará como interprete e companhia para que eu não desista.
Então, na próxima segunda, com crianças em uma mão, chimarrão na outra, bergamotas na sacola e com o coração apertado, levo meu gordinho para seu primeiro dia de aula.

É preciso dizer que chineses não podem ver crianças chorando que se desesperam.
O método mais usado é um oferecer uma balinha, um doce, daí entendo porque quase todos os bebes entre um e três são rechonchudos.
Na verdade, a educação dos milhares de filhos únicos homens aqui se mostra complicada e estas crianças cheias de marra chegam a escola, onde vão aprender a ter comportamento. Imaginem o caos no inicio.
No entanto, aqui as professoras (laoshi) tem aquela aura de respeito que já perderam no Brasil.
Os pais as respeitam, a escola dá o poder e portanto as crianças sabem exatamente que não podem passar dos limites.
Acho isto excelente. São respeitadas e o ensino é rígido, principalmente nas escolas chinesas. Trabalho duro, muito duro.
Mas como o Thiaguinho é um laowai (estrangeiro) tem suas mordomias. Eu com certeza terei que usar minha amiga interprete para negociar que no lugar das balas para obter bom comportamento lhe dêem adesivos.

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