terça-feira, 9 de junho de 2009

Oma em Zhuhai

Podemos dizer que tivemos muita sorte com nossa visitante.
Para terem uma ideia, já na chegada fomos em um boteco pé sujo de uns Muçulmanos aqui do lado de casa; afinal, chegamos com fome e não tínhamos nada preparado. Foi uma prova de fogo.
Se ela conseguisse comer a comida chinesa dali e não tivesse dor de barriga e nem passasse mal, podia provar o resto, teríamos certeza de que os anticorpos estavam ativos.
Outra coisa, na China não tem esta de colchão fofinho como no Brasil não. As camas tem algo com uns 7cm de espessura, que mais parece uma esteira e acreditem que ela dormiu e nem teve dor nas costas.
Depois foi a vez da aula de Ioga aqui em casa com minha professora e apesar do joelho da oma não ajudar, ela foi uma excelente aluna. Fiquei muito orgulhosa e a laoshi também, afinal a nainai é muito sarada e flexível.
Claro que nem tudo é sofrimento, também tivemos muitos momentos de relax, massagem, compras e descontração.
Mas, o que gostaríamos mesmo de dizer é:
- Muito obrigada Oma Mada, tua companhia foi muito boa.
Obrigada por entender e participar de nossa rotina tão corrida.
Por aceitar as diferenças com bom humor e nos permitir te mostrar um pouquinho de nosso dia a dia. Por entender que temos que cumprir nossos horários apertados e dividir nosso tempo com as aulas extras, escola, super, etc
Esperamos de coração que tenhas gostado e volte mais vezes para nos visitar.
Beijos

Para ver fotos: http://picasaweb.google.com/mirocadrehmer/OmaEmZhuhai#

Chegada da Oma na China (15 maio)

Estavamos muito ansiosos...
Como é a primeira vez da Oma na China e os aviões chegam através de HK, Gabriel resolveu que era muito perigoso deixá-la vir sozinha de HK para cá... Ela podia se perder ou não saber falar chines :)
Desta forma, fomos até ao aeroporto, leva-se mais ou menos 2 horas entre sair de nossa casa, tomar o barco e o trem e chegar ao aeroporto. Quando se tem passagem pode-se ir direto ao aeroporto de barco e o tempo se reduz para 1h mais ou menos.
Enfim, ela chegou e os meninos adoraram, nos tambem aproveitamos muito.
Tive uma excelente companhia. Pude mostrar o bom e o ruim de nossa rotina, mas Mada se adapta muito bem e até atrás de onibus teve que correr.
Apesar de termos comprado o carro, só quem dirige é o Eduardo, então sigo minha rotina a pé, de onibus ou taxi. Tudo bem. É bom fazer exercício!

Para ver as fotos é só clicar no link abaixo:
http://picasaweb.google.com/mirocadrehmer/ChegadaOmaHK#

Out off service

Depois de quase "um mês fora do ar" por assim dizer, hoje consegui novamente entrar no blog. Que felicidade.
Resolvi fazer esta pequena postagem, rápida, caso saia do ar outra vez e dizer que infelizmente devido a motivos de força maior, nenhum blog podia ser acessado neste território.
Voces devem ter assistido que havia um aniversario de uma certa praça... Eis a razão.

Acho que agora vai

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sobre viagens

Dia destes compreendi, ou pelo menos, sintetizei um sentimento que tinha a respeito de visitas a diferentes países.
O que quero dizer com isto, é que percebi que, quando visita-se um país, os olhos de visitante nos impedem de ver o que mais há lá para ser descoberto.
Estamos aqui há cinco meses e meio e cada vez mais percebo que as primeiras impressões vão se alterando dia a dia.
Não que estejam erradas, mas com o passar do tempo podemos aprofundar conhecimento e ver que há muito mais abaixo da superfície.
Por esta razão mochileiros de plantão qualquer avaliação a respeito de qualquer lugar pode ser precipitada, assim como dizer que se conhece um local por ter passado em viagem por lá tambem não seria correto.
Visitamos lugares o que não implica em conhece-los verdadeiramente..
Um exemplo disto; os tons vocalicos que existem aqui dificultam muito para quem é estrangeiro aprender, mas ao mesmo tempo, as estruturas tem verbos simples e perguntas curtas com respostas também curtas.
Uma das primeiras coisas que se aprende é contar, por que é um dos pilares do pensamento chinês. Se você sabe contar de zero a dez, pronto, praticamente sabe as construções de todos os números.
Confesso que tenho dificuldade para memorizar preços de pesos. Todos os preços são calculados em medidas de 500g, então se mostro bananas eles respondem san kuai (Rmb 3,00), mas quando compro, isto será multiplicado pelo peso total... parece fácil mas quando precisa se compreender o que é dito e calcular rapidamente ...hummm, acabo misturando com os kilos de toda a minha vida.
Isto é um pouco da China, difícil de entender, muita coisa para ver e memorizar, mas ao mesmo tempo de uma simplicidade indiscritível
Lembro de um conto que li certa vez.
Um mestre Zen colocou em frente de seus alunos um lindo vaso e perguntou o que cada um acreditava ser ou conter naquele vaso de acordo com a visão Zen budista.
Logo começaram os debates, as discussões, até que o mestre foi até o vaso e o quebrou. Todos ficaram olhando sem entender nada. Assim o mestre disse:
-Não importa se algo é raro, bonito, exótico, caro ou o que seja, se te causa problema, elimine-o. Ao quebrar o vaso acabou-se o problema.
É isto que tento dizer quando menciono a palavra "simples".

Em nosso ponto de vista temos muitas situações incompreendidas, mas para nossa sobrevivência e sanidade devemos trata-las como o vaso do conto acima.

domingo, 10 de maio de 2009

Mulher de sorte

Hoje acordei, desci as escadas e logo ali na minha frente, tinha um quadro grande cheio de flores e corações que meus três amores me prepararam.
Foi algo tão especial, seus desenhos, suas letras e mais que tudo seu carinho demonstrado em forma de desenho.
Me viram e já vieram cheios de beijos e abraços. Huummm isto é tão bom. Sentir este amor, merecer este amor. Desfrutei ao máximo o instante.
Depois um café da manhã gostoso, cheio de risadas, piadas e pequenas brincadeiras.
Me levaram a uma loja e ganhei uma bicicleta. Afinal estamos na China e tenho que aproveitar a oportunidade. Além de colaborar com a natureza diminuindo a poluição, colaboro com minha saúde.
Um almoço com amigos em um dia com céu azul, claro, limpo, aberto... como meu coração. Que sorte ter encontrado meu companheiro, que felicidade ter meus filhos.
Muito obrigada Deus!
Estou tão feliz!

Feliz Dia das mães!

sábado, 2 de maio de 2009

Sutil diferença

tempos tenho tentado perceber o que me fazia ter a sensação agradável quando algum chinês me explicava ou mostrava algo.
Hoje, no onibus indo ao supermercado me dei conta. É a forma com que mostram e indicam as coisas.
Ao contrário do que nós fazemos, não utilizam apenas os dedos indicadores firmemente retos e direcionados como setas, agulhas ou algo que atinge diretamente a um alvo.
Este povo mostra as coisas, caminhos, direções com toda a palma da mão; a extendem como se a desenrolassem e assim vemos para onde ir.
É algo suave, mais gentil, menos direto e seco. Tentem visualizar para sentir a diferença.
E a mesma coisa se repete quando oferecem ou devolvem algo; pode ser até mesmo o troco no caixa. Sempre seguram com as duas mãos, palmas viradas para cima como uma oferta respeitosa e não um gesto que parece dizer: Pega esta porcaria e sai logo daqui!
Apesar de não ser permitido nenhum tipo de manifestação religiosa, ou mesmo eu que nem tão católica ou praticante sou, posso dizer é possível sentir Deus nestes pequenos gestos, nestas gentilezas...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Cooking class

Em uma postagem anterior contei sobre o book club, agora vou contar sobre o cooking class.
Mais uma vez, este grupo de mulheres que são o exemplo vivo do que significa globalização, se reúne para partilhar e compartilhar momentos únicos.

As feministas que me perdoem mas estas reuniões na cozinha, em meio a panelas, receitas, farinha, risadas e alguns copos de vinho são uma terapia.

Normalmente as francesas ensinam seus segredos de cozinha, mas nesta última "aula" tivemos, além da Tarte tatin (uma delicia com maçãs), Barracuda Caribenha e Creme de abobrinha, a colaboração das italianas com a receita de molho de tomate da mama, molho bechamél e mais uma receita para fazer ricota.
Depois deste primeiro passo, recheamos canelones de ricota e espinafre e cobrimos com o molho de tomate e Bechamél. Hummmm

Uma das maravilhas é que todas interagem e literalmente pegam na massa. Uma mexe o molho, outras recheiam os canelones, outras ajudam a cortar os ingredientes e no meio de tudo isto um monte de conversa.
Aprendemos muito mais que cozinhar. Aprendemos a respeitar, compreender e apoiar umas as outras.
Não pensem que tudo são flores e nem poderia ser com tantas diferenças. Muitas vezes é uma Babel. Independente das diversas opiniões e pontos de vista, sabemos que podemos contar com o apoio uma das outras. A mais nova agregada é uma indiana que aparece ao meu lado na foto.
Apesar de tímida, ela disse que não se sentia tão bem assim desde seu tempo no ginásio com suas amigas.
Acho que é esta a essência, por isto saímos leves e felizes.
Somos mulheres adultas, com marido, filhos, problemas, estórias; mas mais do que tudo mantemos nossa menina interior viva, viva e feliz!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Susto

Ontem por volta das 14:00 recebi uma ligação da administração da escola do Gabriel.
A conversa começa com aquela tão temida observação:
- Olá Ms. Drehmer, aqui quem fala é fulana, não se preocupe que não é nada sério mas...
Neste momento meu inglês foi prás cucuias... a conversa segue:
- He broke....
Ai Meu Deus! Quebrou alguma coisa...daí veio um turbilhão de coisas no meu pensamento. Quebrou o pé, a perna, o braço...

- Sorry, eu não entendi. Quebrou o que?
- Quebrou o dente!
Por favor, me deixe falar com ele. Dai escuto aquela vozinha do outro lado da linha:
- Mama, quebrei o meu dente da frente.
Quase grito, Graças Deus.
Quebrar o dente é ruim, da frente pior, mas ainda assim melhor do que tantas outras possibilidades. Motivo para comemoração.

Saiu o Gariel veio o Diretor da escola.
-Miss Drehmer nós vamos levar o Gabriel para casa e se quiser podemos levá-los a um dentista Chines.

Outra vez o problema, como vamos nos comunicar? Onde fica? Como chegamos lá? E o mais importante.. Se vou estar com o Gabriel, Quem vai pegar o Thiago?????

Desliga telefone, liga para o Eduardo que esta trabalhando, para tentar definir o que fazer, falo com outros estrangeiros sobre a higiene dos dentistas aqui, que material utilizam.
Descubro que nenhum deles, jamais foi a um dentista na China.
Chamo a uma amiga para pegar o Thiago, volto com o Diretor da escola, que me garante que o serviço é bom e de confiança e que sua esposa pode ser a interprete, pois, é chinesa.
Volto a falar com Eduardo que consegue um carro da empresa, passa no banco, pega dinheiro e vai nos encontrar na clínica dentária.

Quando chegamos, o dentista olhou para o Gabriel e já vai logo dizendo:
-Very easy, easy, easy...
Vinte minutos depois de chegarmos já tínhamos um dente novo em folha e igualzinho ao original.
Como os chineses mesmo adoram dizer: Original copy!
E tudo saiu como Rmb 100,00 ou o equivalente a R$35,00

O carro da escola com o motorista nos trouxe em casa e ainda deu tempo de pegarmos o Thiago. Perfeito!

Comentando este interesse da escola em ajudar, uma amiga me disse:
-Não te impressiona, se algo acontece na escola, a professora e a escola são responsabilizadas. Eles tem que pagar todo o tratamento. Se isto acontece com um chines é processo certo que a escola toma.
Hummm agora entendi.
Mesmo assim, para nós foi muito importante a ajuda e o suporte.

sábado, 18 de abril de 2009

Domingo de Feijoada


Hoje foi dia de Feijoada Brasileira em Macau. Além da feijoada, couve mineira, doce de abóbora, doce de leite, pão de queijo, caipirinha e farofa...
Nosso famoso Jorge Amado, quando visitava outros países costumava dizer que sempre levava um pouco do Brasil com ele, mas infelizmente não levava a farofa.
Pura verdade. Encontra-la aqui foi muito bom.
Nos divertimos, falamos portugues e encontramos outros tantos. Muito bom. Quando chegamos em casa só precisávamos de um banho, chazinho e cama.
Para mais fotos deste dia visitar: http://picasaweb.google.com/mirocadrehmer/Zhuhai#

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Para pensar

Sempre menciono o grupo heterogêneo de pessoas com as quais convivemos aqui.
É interessante ver e comprovar como a língua, as origens, as crenças fazem diferença na forma com que encaramos o desenrolar da vida e o que fazemos com nossas experiências.

Com meus dois filhos aprendi que, apesar da personalidade ser algo que podemos desenvolver e aprimorar, existem traços que já vem impressos e nos fazem únicos, isto já no momento do nascimento.
Eles tem a mesma educação, mesmos pais e são completamente distintos. Com eles passei a respeitar muito mais a individualidade dos outros.
Por vezes tentamos impor nossa opinião as pessoas; mas por mais absurdo que possa nos parecer, existe entre o branco e o preto, uma infinidade de tons e matizes que devem ser ouvidos e respeitados. Vale sempre a máxima: Não existem verdades absolutas.

Este grupo heterogêneo de mulheres, com idades e experiências completamente distintas, criou um book club; onde inicialmente, cada individuo deveria sugerir um livro que permitisse as demais vislumbrar as origens e cultura da sua colega, tentando ler na língua originaria do autor. Infelizmente isto não se mostrou possível.

A primeira coisa 'boa"é que, como temos que acatar as sugestões, acabamos lendo coisas que jamais leríamos se fosse de nossa própria escolha.
A segunda coisa boa é que, após a leitura tem-se uma reunião com a discussão do tema, que geralmente descanba para as experiência e opiniões pessoais. Isto é algo incomensurável... Vocês não podem imaginar o que sai dai.

E para mim, fica cada vez mais claro, que todos nós, em algum canto recondito temos um jardim secreto. Lá, bem no nosso interior, coisas que nunca revelaríamos para ninguem, por simplesmente não admiti-las.

Pensando nisto, recebi de uma amiga uma cronica da Martha Medeiros que acredito se inserir no contexto. Parem e pensem... talvez eu tenha razão...

O GRITO

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.
Ela sabe!
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.
Ele sabe!
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim!
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar este grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.
A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.
Eu não sei por que sou assim.
Sabe.