quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Exames admissionais

Para que se tenha o visto de múltiplas entradas é necessário refazer na China, em orgãos reconhecidos pelo governo todos os exames que fazemos ao sair do Brasil, ou seja, sangue, urina, RX tórax, ecografia do abdômem e exame ginecológico; também são necessárias mais fotos tipo passaporte.
Para realizar tal façanha, pois, lembremos que eu não falo uma palavra em mandarim e tão pouco saberia onde ir, me enviaram uma van da companhia com a chinesa responsável pela minha guarda.
Fomos ao fotógrafo. Fizemos nossas novas fotos que passam por um bom photoshop, pois cabelos lisos e pele clara facilitam a liberação do visto, assim eles dizem. Depois são enviadas por e-mail para algum lugar que necessita dar o ok, garantindo que as fotos são boas o suficiente para termos o visto.
O meu filho menor, com três anos, não entendia a razão pela qual tinha que ficar parado e sério. Enfim, gastamos mais de meia hora tentando fazer com que ele ficasse na posição que o chinês pedia. No Brasil esta tarefa era mais fácil.

Hoje veio a van novamente e foi a vez dos exames físicos e químicos.
Fomos a um lugar que me pareceu ser uma clínica específica para a realização destes exames e iniciamos a triagem. Entramos e nos dirigimos a um guiche onde me tiraram outra foto.

Primeiro fato curioso; eu estava de coque e quando me vi na foto haviam longos cabelos lisos?!
Acho que mais uma vez o photoshop entrou em ação.

Começamos a via crucis...após o guiche fomos a sala de RX que é deveras interessante.
Imagem a cena; duas salas conjugadas, na parede que as divide um grosso vidro que fica em frente a um senhor que parecia ter saído de um filme de Kung fu antigo, que possui um controle como um joystick e me manda entrar na sala colocada a sua frente, ou seja, do outro lado do vidro.
Achei estranho que não me fizesse sinal, já que qualquer diálogo atualmente é impossível, para que eu tirasse minhas roupas, ou brincos ou pelo menos soutien... Nada, nothing, niente, il nage, niechst!
Havia um desenho de pés no chão, me coloquei sobre eles e o aparelho de RX começou a se mover fazendo uma mira bem no meio do meu peito. Pensei frita! Mas não tive tempo sequer de olhar para o Chino que logo ouvi - OK! e tudo estava acabado.
Próximo passo exame de sangue. Senta-se em uma mesa como se fosse fazer uma entrevista e tens duas mulheres uma que rotula os frascos e outra que te coloca no braço um butterfly com uma mangueirinha e antes que consigas dizer "Oi" já tens o primeiro frasquinho cheio de sangue enquanto coloca o segundo, tambem te gruda na pele algo parecido com um Band Aid e Tchau - Mais um OK na cara, sai logo da cadeira que já vem outra vítima.

Aqui me passaram muitas coisas pela cabeça... Como fica quem desmaia quando vê sangue? Isto que não comentei que logo atrás desta mulher da coleta tem um aparelho que fica mexendo lentamente todos os frascos com o sangue recolhido. Será que é algum tipo de tortura?
E se fosse uma criança? Será que somos muitos cheios de frescura?

Antes que eu pudesse ponderar a respeito, me fui correndo atrás da moça que me acompanha e foi a vez do exame de visão. Legal, o painel de letras é o mesmo, mas como eu falo? Deixa prá lá, poderia ser pior... Graças a Deus tenho dedos e braços e afinal e só fazer mímica novamente.
Ela me indica uma colher para que coloque no olho a fim de fechá-lo e podermos testar o que ficou disponível. Pelo menos era uma bela colher de sopa.
Tambem te metem na garganta aqueles pauzinhos que quase te fazem vomitar e segundos antes de chamar o Hugo chega a vez das orelhas. Pronto, vamos a próxima parada.

Exame de urina. Recebo um potinho de uns 50ml, o que já torna difícil a tarefa de acertar a mira e me mandam a um banheiro - Explicação: os banheiros aqui, na maioria não tem vaso, só um buraco no chão com o lugar para colocarmos os pés e que fede a mijo (desculpem-me a palavra, mas é que tinha que ser algo assim para ilustrar o cheiro) estava com minha bolsa e o meu filho menor.
Já imaginaram a cena. De pé, bolsa pendurada no pescoço, calças arriadas, rezando para não molhá-las, cuidando para acertar o pote. Ufa! tarefa cumprida. Next step.

Vamos a Ecografia, este é o primeiro dos exames que é exatamente igual aos dos Brasil.

Por fim o exame ginecologico, que juro, até agora não entendi. Entras em uma sala com biombo, uma mulher com cara de poucos amigos te manda passar a parte de trás e com gestos mostrou que eu deveria tirar as calças e indica que eu me sente na mesa dos exames. Tudo certo até ai.
Tirei a roupa como indicado e sentei na mesa; para minha surpresa escuto um sonoro OK! e it's done.

Será que era para verificar minha capacidade de sentar pelada? Depois descobri que o tal exame é só para ver se sou realmente mulher.
A Sonia Bridi diz no livro dela, que todo esse circo montado (que deveria se chamar de linha de produção de exames) tem a simples razão de verificar se o pretendente a morador da China é portador do HIV ou não...

Volto para casa de ressaca de minha jornada a esta clínica com um pequeno corpo que pesa cerca de 16Kg pendente nos meus braços. Lindo, amado, meu companheirinho de três anos que me faz tão feliz.

2 comentários:

Eduardo K. disse...

quase chorei de tanto rir.
Beijos,

roseli disse...

Olás Miriam.
depois deste tempo todo! Só agora paramos para acessar o teu blog. Adoramos. Vamos acompanhar para saber um pouquinho de vocês e matar as saudades.
grande beijo,
Roseli e Vitor